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São Paulo, São Paulo, Brazil
Doutorando e Mestre em Ciências Políticas pelo Programa de estudos Pós Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP e especialista em marketing (ESPM). Autor de Política e Segurança Pública: uma vontade de sujeição (Rio de Janeiro: Contraponto, 2009).

quarta-feira, 21 de abril de 2010

crença, sensibilidades e formas

Às vezes a gente lê livros diferentes ao mesmo tempo. Dois livros, têm aguçado a minha curiosidade nos últimos dias. Um chama-se The Rise of America´s Surveillance State, outro Os Reis Taumaturgos. Poderíamos simplificar e dizer que os dois, tratam de expressões de um certo poder político supremo. Mas, para um e para outro, essa seria a apresentação apenas de metade do problema. Em um, há a seguinte problematização: como um rito se torna uma instituição? Em outro: como e quando o governo lançou mão de tantas tecnologias notáveis - explicitando alguns exemplos de data-mining e benchmark transformados em programas nacionais - para vigiar seus próprios cidadãos, no caso tratando-se dos EUA? Neste pode parecer encantador em um primeiro momento destrinchar as comercializações e vendas das idéias e processos de espionagem/vigilância nos bastidores do poder. Mas é num livro como Os Reis Taumaturgos, que podemos entender que não se trata exatamente de bastidores do poder, e que a realidade histórica é um pouco menos simples, que as idéias não esvaecem de repente e que é preciso considerar, por vezes, aquilo que a modernidade tende a tratar como crença, fábula ou imaginação popular. Poderíamos concordar com o autor do livro sobre espionagem, quando se trata de afirmar que estamos numa era plena de vigilância. Poderíamo até adicionar que se trata de um domínio eletro-ótico em vigilância. Mas não podemos confundir esta plenitude, com seus inúmeros nodais, com uma tarefa contínua de um tempo e de executores que não sabem exatamente o que estão procurando. Ora, caracterizar, listar, enunciar os suspeitos reinventados de nosso tempo seria lidar, igualmente com metade do problema. O sistema de justiça moderno, com suas instituições, ritos, representações, discursos, etc. pode constituir parte do tema 'Segurança', e como tal poderíamos entender que modernamente organiza-se pela tolerância discreta da violência, desde que ocultada aos muros das prisões, embora inerente às suas práticas - sabemos a precariedade das compilações sobre a violência autorizada pelas polícias persuadidas ou não de sua eficácia. Como Bloch pela história das crenças ou Elias pela sociologia das sensibilidades, podemos entender que uma e outra influenciam as formas que tomam a segurança e o sistema de justiça. Desse ponto de vista, porque não problematizar 'a segurança' a partir do feliz otimismo dos crentes que sendo mais de um pobre homem que certamente é vigiado - acusado antecipadamente - deveu à vigilância a sua segurança? O que cria a eficácia na vigilância é a idéia de que alí deve haver segurança e o testemunho acumulado dos que acreditam. Podemos começar a história polítcia da segurança por aqui?

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